quinta-feira, 15 de março de 2012

Coçadinha pra manter um casamento, JÁ!!!



Sim, mais uma vez venho falar de Fabrício Carpinejar. Ele é fantástico e perspicaz não acham? Sempre com uma visão interessante, divertida e única das coisas da vida e seu cotidiano.

O assunto da vez é a cosquinha, que ele fez um texto maravilhoso sobre a arte de coçar o companheiro. Deem uma olhada, vale a pena!!!



"O que redime um casamento não é massagem tântrica, a abertura dos chacras, a dança do ventre, a ioga, aprender passos de salão, curso de sensualidade. Louvo todas as iniciativas de compreensão mútua e desenvolvimento emocional. Mas o que é fundamental num relacionamento é saber coçar as costas do outro.



Casal do mal espreme as espinhas de sua companhia. Casal do bem coça as costas. É uma arte milenar egípcia. Dizem que é invenção do conselheiro do faraó Tutancâmon, Adel Emam Alef, o mesmo criador da pizza. Ao sovar a massa, encontrou a punção ideal.


Coçar as costas depende da exatidão do movimento. Muitos maridos, muitas esposas, desistem de pedir após a terceira tentativa e se recolhem à frustração sexual. A inabilidade em esfregar o parceiro representa hoje a maior causa do divórcio no país. Superou os tradicionais motivos de desquite como palitar os dentes e ausência de cerveja na geladeira.


Devia constar como item indispensável no curso de noivos. O carinho primitivo libera serotonina e os peptídeos opioides beta-endorfina, meta-encefalina e dinorfina, combatendo depressão e estados de ansiedade. As unhas não podem estar muito compridas, muito menos sujas. Não vale arranhar, sangrar ou esfoliar a pele. A compressão dos dedos terá o peso de uma esponja, e dura até quatro minutos (acima disso, entra no terreno da bolinação).


A posição ideal do beneficiado é de pé, com a cabeça lançada para frente, naquela inclinação para receber cascudo. Cuidado com a vontade. Já vi gente coçar, não conter o entusiasmo e ser presa por agressão. Porque coçar é delicioso e insaciável, o coçador tem um prazer semelhante ao do coçado. Facilmente a coçadinha inocente desemboca em chagas de São Francisco de Assis.


O ato se caracteriza pela fricção sensual, de baixo para cima. É descobrir a zona de irritação e não mais levantar a mão. Como um desenho sem largar o lápis. A cura do desconforto virá com a constância, com a dedicação exclusiva do gesto. Não é permitido coçar e assistir televisão, coçar e ler um livro, coçar e olhar para o lado. Duas ações ao mesmo tempo quebram o ritmo e diminuem a qualidade do serviço.


Coceira em grego significa “cuide de seu amor”. Não vale se distrair. Mergulha-se numa meditação dos dedos, na contemplação messiânica das unhas. A invasão será superficial, indolor, intermediária entre a picada de mosquito e pontada de acupuntura. Mas o alívio equivale a um início de orgasmo.


Coçar as costas é um socorro amoroso de grande utilidade. Importante estar perto sempre. Tragédia é quando sua mulher sente a tremedeira nas vértebras e não dispõe de sua companhia.

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