sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Primeiro down a passar no vestibular da UFG


O post de hoje é em homenagem a todos os Downs do Brasil. Sou uma feliz e abençoada irmã de uma adolescente com Síndrome de Down. Quando digo isso para as pessoas, algumas delas - pobres leigos, me dizem com lamento "Tadinha!", ou "bah, que chato".

Eu fico pensando, chato? Porque chato? Eu me sinto absolutamente orgulhosa e privilegiada por ter uma irmã assim. Penso que chato, ou tadinha caso ela fosse uma psicopata, assaltante, sem escrúpulos ou sem objetivos na vida. Que diga-se de passagem minha irmã os tem de sobra, podendo até emprestar um pouco de seus objetivos e metas de vida para os que não os tem.

Ela é uma baixinha muito da metida, no longo dos seus 19 anos, NUNCA e quando eu digo nunca, entendam nunca mesmo, passou despercebida. Ela tem vontades como todos nós, desejos e sonhos. Dentre eles casar, ter filhos, cuidar de uma casa, ser uma Chefe de cozinha chiquérrima e com um carro na cor prata. Ah, sem esquecer que ela é exigente, além de querer uma casa maravilhosa, uma cama de casal gigantesca ela ainda é solidária e me diz que terá um quarto meu em sua casa.

E a exigência não é só a nível material não, o namorado as vezes sofre um pouco com suas demandas para que lhe de muita e total atenção e que tenha um bom emprego. Ah e ele tem que estar sempre bem arrumado e na moda.

Enfim, me inspirei para falar um pouquinho da minha pequena, pois além de ela ser meu orgulho maior e responsável por várias decisões importantes na minha vida, entre elas a escolha por me tornar uma Psicóloga, ela também é alguém que sonha e almeja o mundo. E resolvi compartilhar com vocês sobre ela, pois li essa reportagem na página do r7, sobre o primeiro Down que passo na UFG.

Fiquei lisonjeada, feliz e orgulhosa por ele, por representar tão bem diante de todos os que não levam fé em pessoas como ele, para mostrar o quanto eles podem SIM. Como disse a mãe do rapaz em sua entrevista, eles têm o tempo deles, porém são perfeitos no que fazem. Perfeccionistas, metódicos, rotineiros que acabam por conquistar espaços que ninguém imaginava. Corrigindo: ninguém que não os conheça de verdade, porque sinceramente vendo pela minha irmã, eles podem ter o mundo nas mãos se quiserem e só precisam disso mesmo, QUERER!!!

Na íntegra a entrevista maravilhosa dessa linda história real!

Primeiro candidato com síndrome de Down aprovado no vestibular da UFG (Universidade Federal de Goiás), o estudante Kallil Assis Tavares, de 21 anos, pegou a família de surpresa quando saiu o resultado do processo seletivo. Para a mãe do vestibulando, a pedagoga Eunice Tavares, a dedicação com os estudos foi um dos fatores que fez a diferença.

- Ele sempre foi um aluno muito disciplinado, mas as notas dele não eram as melhores. Tanto que a sua colocação no vestibular foi a última. Ele tirava o suficiente para passar.

Eunice conta que a aprovação de Kallil no vestibular foi um processo natural. Ele frequentou um colégio regular durante o ensino médio e assistia às aulas todos os dias de manhã e três vezes por semana também durante o período da tarde. Nos outros dias da semana, ele fazia apenas as lições de casa.

- Ele decidiu sozinho que iria prestar o vestibular e escolheu o curso. A gente não planejou, não forçou nada. Então ficamos muito felizes, surpresos e até assustados. A gente não pensou que ele seria aprovado. É difícil passar em uma universidade federal.

O jovem de Jataí, no interior de Goiás, concorreu ao vestibular este ano pela primeira vez. Ele não participou de nenhum programa de cota e foi aprovado na primeira chamada de 2012, para o curso de geografia.

Por ter necessidades educacionais especiais, ele teve o direito de ter a prova lida por um assistente de vestibular e também recebeu um caderno de questões com letras maiores, que facilitam a leitura por quem tem baixa visão.

Kallil também teve uma hora a mais que os outros candidatos para terminar a prova, mas não precisou usar o tempo extra.

Apoio e paciência

Para Eunice, o apoio da família e da escola foram fundamentais na educação do filho. Kallil estudou durante dois anos da educação básica em uma escola para surdos mudos, única do tipo na cidade, que também recebia alunos com outros tipos de deficiência.

- Ele não chegou onde ele está sem apoio. Tem família que pensa que não adianta investir, que é um caso perdido. É limitado? É. É diferente dos outros? É. Mas ele tem a condição dele.

Na escola, ela conta que o filho contou com a ajuda de professores e diretores, sem que passassem “a mão na cabeça”. Muitas vezes, o tempo de avaliação de Kallil era maior que a de outros alunos.

- Ele pode fazer tudo que quiser dentro do limite dele. Eles [jovens com a síndrome] são mais dependentes, mas têm capacidade de desenvolver qualquer trabalho. Eles têm o tempo deles e a escola tem um papel fundamental nisso.

Kallil vai estudar no campus da universidade que fica na mesma cidade, a quatro quadras da casa onde mora com o pai, a mãe e a irmã mais velha. Depois de entrar na faculdade, ele pretende tirar a carteira de motorista, mas a família prefere não fazer planos para o futuro.

- A gente vai deixando as coisas acontecerem e damos apoio no que ele precisa. Não planejamos que ele iria até o oitavo ano, nem que ele terminaria o ensino médio. As coisas foram acontecendo.

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